Um brasileiro relatou ter passado fome e dormido na rua, em um frio de - 4º C, para fugir da guerra na Ucrânia. Ele chegou à Bahia na quarta-feira (23) e reencontrou a família, após passar por outros países, como Moldávia, Romênia e Sérvia.
Alain Santos Cidreira é consultor financeiro internacional e vivia na Ucrânia há quatro anos, por causa do trabalho. O apartamento onde ele morava fica em Odessa e ele contou como foi o começo dos conflitos por lá.
Dia 24 de fevereiro, às 4h, eu escutei a primeira bomba. Às 7h, eu ouvi a segunda, às 8h foi a terceira. Muito forte o impacto, o prédio tremendo, os vizinhos todos correndo. Na descida do prédio, na rua principal da avenida que eu morava, já estavam meus vizinhos todos na rua, alguns armados”, lembrou.
Na fuga, Alain deixou para trás o emprego, o imóvel, além do carro e até o cachorrinho de estimação, chamado Sammy. Ele percorreu mais de 1200 km de carro até a fronteira com a Moldávia, com ajuda de um atravessador.
Para chegar a uma estação de trem, Alain precisou caminhar por mais de duas horas e meia e da Moldávia, foram mais 430 km percorridos em trem e ônibus até chegar a Bucareste, na Romênia. De lá, ele enfrentou mais uma viagem de avião, até chegar em Belgrado, capital da Sérvia.
Cheguei na Sérvia e dormi na rua por uma noite, porque o dinheiro tinha acabado. Passei frio, fome. Naquele dia estava -4º. Não tinha comida e eu estava muito com frio. No dia seguinte, fui para embaixada brasileira”, recordou, emocionado.
Depois de chegar na embaixada, foram mais duas semanas esperando a repatriação. O processo burocrático duraria cerca de dois meses, mas a família e os amigos se organizaram e arrecadaram R$ 4 mil para pagar mais uma passagem aérea.
Alain chegou a Salvador depois de mais de 30 horas de viagem em um voo com escalas no Catar e em São Paulo. No aeroporto, ele recebeu o carinho da família.
Quando eu vi minha irmã no aeroporto, foi a melhor sensação do mundo. E se não fossem eles, eu não estaria aqui hoje. Se não fossem nossos amigos, se não fosse nossa família, isso não teria acontecido”. disse ele.
A mãe de Alain, Eliene Santos, lembra a angustia dos dias que passou sem notícias do filho, em meio à guerra. “Chegou uma época em que eu não queria mais assistir televisão, de jeito nenhum. Não queria ver aquelas cenas, porque não sabia onde ele estava. Eu só imaginava que não ia ver meu filho mais
G1