Considerada uma das datas mais importantes dos Estados Unidos, o Halloween tem ganhado cada vez mais adeptos no Brasil, em razão de ser um período festivo que envolve adultos e crianças.

A arquiteta e urbanista Vanessa Corleto Pereira Lombarde, 36, faz questão de decorar a casa em todas as datas que ela e a família consideram significativas, e o Halloween é uma delas. “A minha casa fica em uma localização central no condomínio, perto das áreas de lazer, então tem muita visibilidade. Tento fazer sempre uma decoração que agrade a todos, para que as pessoas possam tirar fotos. Tenho um retorno muito bacana, sempre elogiam, e gosto de fazer para isso mesmo, mas, principalmente, pelos meus filhos”, diz.

Ela afirma que seu esforço é recompensado ao ver a alegria dos seus dois pequenos, que ficam encantados com a decoração. “Aqui no condomínio tem bastante casa que adere e, no dia em que o Halloween é comemorado, grande parte das pessoas se fantasia e deixa doces e guloseimas prontos para que as crianças brinquem. Mesmo famílias sem filhos fazem questão de participar e deixar os doces. É um momento muito válido, tanto pela diversão quanto para que haja vínculo social entre os moradores”, destaca.

A também arquiteta Laura D’Agosttino, 32, conta que este é o segundo ano em que ela decora a casa no condomínio onde reside, onde já existe a festa de Halloween. “Aqui, no condomínio, as crianças têm o costume de sair pelas casas, é gerado, inclusive, um mapa contendo as casas que estão participando da brincadeira, e elas batem à porta, pegam os doces. Acho isso muito legal, elas ficam muito animadas, contagiadas com isso, se fantasiam de fantasminha, bruxinha, é muito divertido, promove um movimento interessante entre os moradores”, explica.

Laura destaca que apesar de não ser uma festa muito tradicional no Brasil, ela, particularmente, entende como uma festa de finados, até mesmo pela proximidade da data, uma forma de celebração dos entes queridos que já se foram. “Essa é a minha forma de celebrar o Halloween e de entrar na brincadeira também, é nesse intuito. Creio que a adesão seja maior em condomínios fechados, onde há mais segurança, e até mesmo para que as crianças possam fazer isso de uma maneira mais controlada. Por não ser uma cultura nossa, tem que ter uma organização de uma administração para que isso seja possível e aconteça dessa maneira”, diz.

De acordo com a diretora da rede CNA de idiomas, Lena Bernardo, o Halloween é parte das tradições da instituição, que celebra o evento desde o início. “Todos os anos, desde a criação da escola, há 29 anos, celebramos e desenvolvemos atividades voltadas ao Halloween, para que seja lembrado. Nossas três escolas sempre são decoradas no mês de outubro, por dentro e por fora, já é um ponto conhecido da cidade. Mesmo durante a pandemia, nos adequamos às necessidades do momento, e fizemos nossa festa no estilo drive-thru. Nunca passou batido, fazemos todos os anos e é sempre um sucesso. Esse ano, nossa tradicional festa será realizada no dia 1 de novembro”, diz.

A professora de Língua Inglesa e Língua Portuguesa, mestre em Estudos Linguísticos, Kelli Mileni Voltero, explica que no Brasil a data começou a ser fomentada no século 20, sendo conhecida como Dia das Bruxas. “Especificamente, nas últimas décadas, esta celebração se intensificou com a valorização dos estudos em língua inglesa, seja pela expansão de cursos de idiomas e pelo ensino de língua estrangeira nas escolas de ensino regular, em que o docente apresenta no processo de ensino e aprendizagem a cultura dos países da língua alvo. O acesso à internet também contribui com a visibilidade e crescimento desta comemoração, as pessoas têm de maneira fácil e rápida informações sobre a cultura e características de outros povos”, afirma.

As origens da festa

Conforme relata a professora Kelli Mileni Voltero, muitas pessoas participam de festas que evocam o Halloween sem saber a origem e de que forma a celebração surgiu. “Celebram apenas pelo prazer de usar uma fantasia e se divertirem.

Entretanto, comemorar é recordar, trazer à lembrança. Dessa forma, reconhecer os aspectos históricos e culturais de celebrações tradicionais, seja de outros países e de nossa nação, é de extrema importância para a preservação da cultura e da identidade de um povo”, destaca. Ela explica que o Halloween, apesar de ser uma festa tradicional nos Estados Unidos, conhecida e celebrada mundialmente, não é de origem norte-americana, ela surgiu nas Ilhas Britânicas. “Esta celebração iniciou-se com os povos Celtas. Eles comemoravam Ano-Novo no dia 1º de novembro, e esta data também marcava o fim do verão e o início do inverno. Para eles, na véspera do dia (ou seja, 31 de outubro)

denominada ‘Samhain’, as divisões dos planos dos vivos e mortos se misturavam, e os vivos convidavam seus entes queridos, já falecidos, para um banquete”, diz.

Segundo Kelli, com a colonização das terras americanas e a chegada dos Irlandeses nos Estados Unidos, a festa se popularizou e algumas modificações foram ocasionadas, como por exemplo, o uso de fantasias e decorações. “Em relação às guloseimas e travessuras, credita-se essa tradição aos celtas, pelo motivo de oferecer banquetes às pessoas falecidas. Mas foi apenas nos anos de 1900 que a tradição superfamosa de as crianças dizerem ao baterem nas casas ‘trick or treat’ (doces ou travessuras) foi estabelecida.” (LV).

Evento ‘invade’ comércio

Além das festas divertidas e toda celebração que envolve o Halloween, o evento tornou-se, também, uma data extremamente lucrativa para o país, impulsionando a venda de diversos produtos, entre eles artigos de festa, decoração, fantasias, bebidas e doces, entre outros. Para a gerente da loja Festas e Épocas, Juliana Ferreira, as comemorações do Halloween estão tomando uma proporção cada vez maior no Brasil, em especial em Rio Preto. “Percebo que a cultura está presente nas escolas, principalmente de inglês, e nos condomínios. A procura aumenta a cada ano por itens de decoração, acessórios e fantasias, que vão desde um baldinho de abóbora para as crianças a um chapéu de bruxa e objetos para decorar a própria casa”, afirma.

De acordo com a proprietária da Cartonagem 3 Marias, Regina Maura de Lorenzo Boracini, o Halloween cresceu muito no país. “É uma festa que veio para ficar, muitas pessoas que antes não faziam têm aderido, tanto nas escolas, nos clubes,condomínios, bairros e residências. A expectativa para esse ano é de um aumento de 30% com relação às vendas no ano passado e, por ser a última semana, a reta final, já vendemos quase todo o nosso estoque, temos mercadorias em falta e tivemos que fazer novos pedidos”, destaca. (LV).

Fonte diario













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